sábado, 24 de março de 2012

A proporção que uma metáfora espontânea pode tomar...

Me peguei falando sobre a morte outro dia com um taxista e ele me perguntou o que eu achava da morte... A resposta saiu instantaneamente, sem pensar e foi: "Acho necessária: se não fossem as folhas mortas de uma árvore caírem no solo perto de sua genitora, esse mesmo solo acabaria por não ser adubado e toda a árvore morreria...." Parei pra pensar depois, com calma na profundidade dessa metáfora... Acho que sem perceber expliquei a mim mesmo pq morrer é tão importante quanto nascer... Se pensarmos que nossa arvore genitora é o mundo, somos extremamente necessários para adubação do planeta, além de para criar espaço para novas vidas... Triste sim, em alguns casos, traumatizante ou intenso demais... Mas morrer, passou a ser em minha opinião o 3 segundo ciclo mais importante de nossas vidas, perdendo apenas para o nascimento e reprodução... O que e/ou se encontraremos algo após a morte deixou de ser importante para mim, quando percebi a plenitude do meu papel biológico no ciclo da vida ambiental mundial... E mesmo parecendo extremamente frio e científico demais, estou feliz de ver na morte um motivo palpável, científico e essencial... Ainda assim me reservo o direito de sofrer a perda de quem amamos... Mas inclusive o ciclo de luto nos leva ao aperfeiçoamento biológico e social... Assim, apesar da dor da ausência, lancinante cruel e, sobretudo, vitalícia da ausência daqueles que nos são caros, descobri, sem querer, que devo ficar de certa forma feliz quando alguém parte desse mundo. Doutrinas Espiritualistas e seus credos de lado, o Kardecismo está absolutamente correto quando afirma que deixamos essa esfera apenas quando terminamos de cumprir o que deveríamos ter feito aqui... Esperanças humanas e extremamente necessárias para seguirmos em frente de volta, apesar disso tudo e, independente da religião ou credo de qualquer um, acredito que de certa forma nos reencontraremos algum dia, assim como as folhas mortas de uma árvore se tornam os nutrientes tão necessários para o crescimento desta mesma árvore. E quem disse que esse reencontro precisa ser inteligível ou perceptível para todos nós? Tenho certeza que a folhinha que nasceu na árvore nunca pensou que se encontrou com seu ancestral... Mas também tenho certeza que sem esse reencontro ela jamais teria surgido para tornar a copa da árvore mais elegante, e sua vida mais duradoura... Explicações biológicas a parte, a morte se tornou, para mim, uma parte feliz do ciclo de vida de alguém, apesar de toda dor deixada a quem fica... Afinal, enquanto animais que vivem em sociedade e, principalmente, enquanto seres humanos, somos egoístas quando o assunto é manter aqueles que nos são estimados a nossa volta.... E é esse egoísmo que nos faz sofrer tanto a perda de alguém... Nada mais natural e também nada mais triste que esse egoísmo possa existir em nós... Acho que esse é o pior defeito de todo ser humano... Pois algumas vezes ele interfere inclusive nas perdas diárias que sofremos, como uma amizade desfeita, um amor findado ou até mais simples que isso um bem perdido... Acho que o grande segredo da humanidade está não está em descobrir o segredo da longevidade mas em descobrir se, como, quando e o que fazer para mudar esse pequeno defeito de fabricação... O mundo seria mais agradável e prazeroso sem ele...

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